quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Unidade 3 - BLOGS: O QUÊ? PARA QUÊ? COMO?


Nesta unidade, como falamos anteriormente, vamos trabalhar com blogs. Essa ferramenta, que nos permite publicar conteúdos na Internet, se tornou muito popular por não demandar, para sua criação e utilização, conhecimentos especializados em informática, inclusive porque podemos fazer tudo isso de forma gratuita. Com ela podemos ter nossa página na Internet, editando-a com muita facilidade.
Blogs têm sido amplamente empregados na condição de diários digitais, na publicação de notícias e de outros gêneros textuais. Dessa forma, os blogs e Fotologs (diários de fotos na web) permitem a qualquer pessoa que se prontifique a mergulhar nos recursos oferecidos pela Internet tornar-se um(a) autor(a).
Nesta Unidade você vai visitar este mundo dos blogs, vai compreender porque eles estão sendo tão importantes na vida de muitos profissionais liberais, entre eles muito professores, jornalistas etc. Essa ferramenta é muito utilizada na organização de muitas comunidades e grupos de ativistas de vários setores. Vamos conferir como é fácil criar o seu próprio blog. Além disso, vamos aprender a usar os blogs, neles publicando e interagindo.

Objetivos de aprendizagem desta Unidade de Estudo e Prática:
„.Reconhecer as principais características dos blogs;
„.Construir um repertório inicial sobre as possibilidades de escrita digital nos blogs;
„.Realizar o processo minimamente necessário para criação de um blog, percebendo algumas das suas possibilidades de ajustes e configurações;
„.Refletir sobre o papel dos blogs, a aprendizagem e a comunicação;
„.Compreender o papel dos blogs na comunicação da era digital.

Introdução
Os blogs são sistemas de publicação na web. A palavra tem sua origem da abreviação de weblog: web (teia, designa o ambiente de páginas de hipertexto na Internet) e log (diário) – diário na Web.
Em uma primeira análise, pode causar um certo estranhamento o fato de alguém desejar publicar seu diário na Internet, visto que esse tipo de produção costumava ser secreta, de forma a resguardar a vida particular. O que motivaria uma pessoa a compartilhar a intimidade abertamente com desconhecidos? E na Internet! Logo de saída, para o mundo todo!
O depoimento de uma blogueira (como são conhecidos os usuários dos blogs), expresso no livro “Blog: Comunicação e escrita íntima na internet”, de Denise Schittine, nos ajuda a esclarecer as razões que justificam a popularidade dos blogs:
Como definir o diário? [...] em primeiro lugar, um diário se escreve ao sabor de tempo, é muito diferente das autobiografias, memórias e outros parentes próximos do gênero. O diário é observado dia a dia, mais ou menos escrupulosamente, mas é sempre uma espécie de representação ao vivo da vida.
Ter um diário íntimo também é algo difícil. É uma atividade que exige uma certa disciplina, que ordena a vida [...].
Pessoalmente o que me anima é uma personalidade que eu classificaria como “arquivista” e de colecionadora. Ter um diário íntimo é uma maneira de colecionar os dias...
Colocar-se no papel cotidianamente é também uma nova maneira de se desnudar e de decifrar o próprio interior sem ter que pagar uma terapia [...]
Alguns relêem seus diários e se surpreendem com o que escreveram. Outros não compreendem mais nada. [...] Um diário é uma encenação, uma representação de si. Nós somos a personagem principal de nosso diário. Nós temos às vezes a tendência a escrever as coisas não como elas são, mas como deveriam ser. Escreve-se para embelezar ou dramatizar a vida, para lhe dar um sabor novo. O diário é, muitas vezes, um dos últimos refúgios do sonho. (SCHITTINE, 2004, p. 15).
Esse depoimento apresenta motivações bastante abrangentes. Em primeiro lugar, é clara a função do registro em um blog como uma forma de memória externa, que auxilia o autor a refletir sobre sua própria vida, a repensar-se e a melhor compreender-se. Mas, e por que o desejo de publicação? A autora trabalha a hipótese da sensação de imortalidade.
Historicamente, a escrita se estruturou como uma possibilidade de registro de informações para as novas gerações, ou seja, uma forma de deixar um legado, de não ser esquecido. Assim, ao publicar textos na Internet, qualquer pessoa pode vivenciar a experiência de fama e “imortalização”.
Mas, qual a relação desses aspectos com a educação? Vamos, antes de começar a navegar e a conhecer bons blogs, tentar compreender as razões que estão levando diversos educadores a se apropriarem dessa ferramenta como mais um recurso pedagógico.
Comecemos com o relato de uma educadora, Nize Maria Campos Pellanda, que usa os blogs em um projeto educativo com jovens do meio rural:
Os jovens, então, vão escrevendo suas autonarrativas nos seus blogs. No início do projeto essas narrativas eram muito pobres, porque reduzidas a clichês muito simples do tipo: meu nome é fulano de tal, moro na cidade tal, gosto de festas e de música. As reflexões sobre si estavam completamente ausentes. Além disso, as sentenças careciam de estrutura. Muitas vezes não havia pontuações e as frases emendavam uma na outra. Os erros ortográficos eram a regra.
Com o desenvolvimento do projeto, eles vão se colocando mais nos textos e trazendo outros fatos do cotidiano sobre os quais vão tomando posição. Começam a emergir idéias sobre valores, sobre os próprios atos e opiniões sobre os outros. As frases vão ficando mais estruturadas e diminuem os erros ortográficos, pois eles, ao relerem seus textos, fazem algum tipo de estranhamento do tipo: será que é assim mesmo que se escreve tal palavra? Perguntam para os facilitadores que não respondem diretamente mas sugerem que procurem dicionários on-line. (PELLANDA, 2006, p. 82).
Esse depoimento lembra-nos Paulo Freire, quando ele nos dizia que só é alfabetizado aquele que é capaz de escrever a sua própria história: “Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever a sua vida como autor e como testemunha da história, isto é, biografar-se, existencializar-se, historicizar-se.” (FREIRE; GUIMARÃES, 1987, p. 10).
Por que esta ênfase na escrita? Porque a compreensão e o domínio de uma linguagem não se adquirem apenas com as atividades de leitura, são necessárias também as de autoria. O nível de consciência que se atinge quando se está realizando uma atividade criativa é muito maior do que quando estamos apenas numa atitude receptiva. Essa consciência é um dos componentes mais importantes do desenvolvimento do processo cognitivo: a metacognição. Realizando atividades simples não chegamos a nos dar conta
dos nossos próprios processos de pensamento, só tarefas mais complexas exigem que reflitamos a respeito de como as estamos realizando.
Mas, a possibilidade da publicação não é o único aspecto diferente nos blogs (diários virtuais). A denominação “diário virtual” é incompleta para abarcar todas as possibilidades e a diversidade de uso desse recurso. Observe com cuidado todas estas possibilidades na visita guiada a bons blogs que lhe oferecemos a seguir.
Agora que já entendemos o que é um blog e que já temos uma ideia do seu potencial educativo, precisamos entender que esta ferramenta revolucionou a comunicação na Internet.
Um dos aspectos revolucionários desta ferramenta advém da facilidade técnica em se lidar com ela. A criação e uso de um blog é muito simples. Em poucos passos é possível criar um blog e iniciar a publicação na Internet. Então, antes de analisarmos mais atentamente por que os blogs são tão revolucionários assim, vamos verificar se é tão fácil mesmo criar um, criando-o.
Assim que terminar de criar o blog, você já é convidado(a) a começar a usá-lo. Você já pode visualizá-lo. Quando “sair do forno”, ele ainda é só uma estrutura pronta para receber os conteúdos que você postará.
Desta forma, após terminar a criação, siga o botão “começar a usar o seu blog” mostrado na figura a seguir. Você terá acesso ao painel de controle do bloguer (blogueiro).
O conteúdo de um blog é estruturado a partir das postagens que você for realizando.
Cada postagem constitui um post. O post é a unidade básica do conteúdo do blog. Cada post pode estar ou não disponível para comentários, pode ser reeditado, pode ter nele incluídos texto, imagens, vídeos e links para outras páginas da web.

A questão da interatividade nos blogs
Outra característica fundamental dos blogs é a interatividade, definida pela comunicação que se dá entre o autor e seus leitores, levando muitas vezes a um processo cooperativo para melhorar o conteúdo do blog. O uso de enunciados interrogativos também explicita um convite aberto à participação do leitor na discussão dos temas nos blogs. As ideias são divulgadas para que sejam lidas e discutidas com outras pessoas (visitantes do blog).
Outra característica importante nos textos veiculados nos blogs é a presença contínua de links que remetem ao endereço de e-mail do autor, a outros sites, onde as matérias originais mencionadas no blog estão disponibilizadas, como artigos, notícias, eventos, campanhas, vídeos e fotos. Um dos links funciona como um espaço para enviar comentários, que permite o contato de pensamentos e opiniões entre o leitor e o autor do blog.
Tais características são marcas que sinalizam a crença na necessidade da busca do “outro” em questões importantes para a construção do sujeito e para a atribuição de sentido às ideias e imagens, independente dos suportes materiais que se utilizem para a comunicação entre eles (KOMESU, 2004, p. 119).

Blogs: uma importante revolução Na escola
Estamos finalizando esta Unidade. Já aprendemos muito sobre blogs, mas há ainda outros aspectos que devemos compreender sobre a importância de usarmos os blogs na nossa ação pedagógica.
Temos de considerar que, com eles, promovemos a integração entre várias linguagens, pois além de escrever podemos postar arquivos de áudio, vídeo e fotos. Desbancamos assim a supremacia da linguagem textual frente às outras formas de linguagem. Temos que perder o medo das outras formas de expressão, afinal, estamos numa sociedade midiática.
Temos que ajudar as novas gerações a se moverem “entre a cultura da escola, a cultura da letra e da palavra, uma cultura de códigos lentos (verbais e textuais), e a cultura social, a cultura de fora, uma cultura de códigos muito mais rápidos (visuais e multimídia) [...]” (ALONSO, 2009).
E já que a nossa [...] é uma sociedade da imagem, uma concepção da educação inteligente e contemporânea, deveria recuperar essa peculiaridade da cultura brasileira e vivê-la como riqueza, não como carência [...] Educar no século XXI exige que trabalhemos a partir de múltiplas linguagens
(oral, escrita, visual, musical etc.) e formar leitores e autores em um mundo digital implica na necessidade de educar a partir da multiplicidade de linguagens e multialfabetismos. A escola deve incorporar essa cultura da imagem [...], deve recuperar essas outras formas culturais e trabalhá-las desde dentro. Não podemos continuar ignorando, rechaçando ou desprezando essas outras culturas e essas outras linguagens com as quais a infância e a adolescência chegam às escolas. (ALONSO, 2009).
Com base no texto de Alonso, podemos refletir sobre a importância de orientar os nossos jovens e as nossas crianças a buscar o sentido para o uso destas novas mídias. Dentro do mundo digital podemos dizer que nossas crianças sabem se mover, transitar e navegar neste mundo das novas mídias, mas não sabem aonde devem chegar, estão sem rumo.
Não sabem porque ainda são crianças, porque vivem o tempo próprio da transgressão, da rebeldia, porque conhecem a tecnologia, mas ainda não conhecem as pessoas, suas motivações, então não têm condições de fazer uso consciente desses recursos. Por isso precisam dos cuidados dos adultos. Já nós, os adultos, por desconhecermos os caminhos do uso das ferramentas, estamos nos negando a ajudá-los a encontrar o seu rumo.
Voltando ao fato de que o uso dos blogs como mídia comunicativa integra várias linguagens, analisamos também que este uso é um caminho simples para conseguirmos uma outra integração importante: a integração entre educação, comunicação e mídias. A escola já se furtou a preparar as crianças para a recepção crítica da televisão.

Nas comunicações e na sociedade em geral
Antes da invenção dos blogs, publicar na Internet exigia uma boa quantidade de conhecimentos técnicos. A facilidade que o blog nos oferece permite que cada um possa ser autor de conteúdo web, e possa ser potencialmente lido por todos os internautas. Segundo Hugh Hewitt, autor do livro “Entenda a Revolução que Vai Mudar Seu Mundo”, milhões de pessoas estão mudando seus hábitos no que diz respeito à aquisição de informação [...] Na blogosfera, há um mundo com uma platéia quase ilimitada. Trata-se de uma oportunidade extremamente econômica para se estabelecer uma marca e introduzir novos produtos. (HEWITT, 2007 apud CIA DOS LIVROS, 2009).
Se a Internet já havia trazido a possibilidade da interatividade entre escritor e leitor, os blogs multiplicaram os centros emissores de informação de um modo fantástico, sendo então um grande avanço em relação à unilateralidade da mídia tradicional. Eles estão obrigando todos os antigos meios de comunicação a se transformarem. Os índices de audiência da TV no horário nobre vêm caindo ano a ano, porque as pessoas cada vez mais estão conectadas à Internet e não à TV. O Brasil já é um dos campeões mundiais em tempo de navegação. E à medida que aumenta o acesso à banda larga e aos computadores conectados, essas mudanças vão se acentuar.
Vejamos ainda como ficaram estas mudanças no jornalismo:
Jornalista há mais de 20 anos, em abril passado Luiz Carlos Azenha rescindiu seu contrato com a Rede Globo e passou a se dedicar exclusivamente à Internet. Hoje mantém o site ‘Vi o mundo’,
com mais de 100 mil visitas mensais. ‘Estreei em 2003 e o blog foi crescendo nas indicações de leitores. Troquei a Globo pelo site porque acho que o futuro está na Internet’. Para ele, os blogs e sites podem dispor da mesma credibilidade dos meios tradicionais: ‘como é que você sabe que o que vem escrito no jornal é verdade? A mídia corporativa realiza um trabalho contínuo de autopromoção, como se detivesse o monopólio da verdade. Porém, essa credibilidade vem sendo questionada com a disseminação de todas as notícias e opiniões que essa grande mídia esconde. Eu sempre pergunto: o que é que não saiu no telejornal? É tão importante quanto o que saiu. (ANDRADE, 2007).
Leia: Blog Diário , vamos discutir sobre o texto.

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