Aprendizagem continuada ao longo da vida o exemplo da
terceira idade
José Armando Valente
•
As
pessoas que estão hoje em qualquer tipo de serviço sabem que devem estar se aprimorando
constantemente como forma de se manterem atualizadas e de vencerem novos
desafios.
•
A
aprendizagem continuada apresenta-se como uma condição necessária para manter a
posição de trabalho que elas ocupam.
As atividades educacionais com a
terceira idade indicam que aprender está deixando de ser simplesmente condição
para manter posições atuais ou conseguir melhores salários e tornando-se uma
maneira de se divertir, de “ocupar a mente”, de preencher o tempo e de estar em
sintonia com a atualidade.
A aprendizagem é uma atividade
continua, iniciando-se nos primeiros minutos de existência e estendendo-se ao
longo da vida.
Ironicamente, o período escolar e
profissional, de maior vigor mental, está entrincheirado entre o período da infância
e o da terceira idade que constituem as experiências de verdadeira construção
de conhecimento e do prazer de aprender, em vez da memorização da informação e
da escola maçante e chata.
A abordagem tradicional de aulas
expositivas enfatiza a transmissão de informação e, portanto, o “ensinar” é
literalmente entendido e praticado como o “colocar signo” ou “depositar
informar na visão bancária de Educação, observada por Paulo Freire (Freire,
1970).
Aprender, segundo esta concepção,
significa memorizar a informação que foi transmitida. Esta aprendizagem será
tanto melhor quanto mais fidedigna for a capacidade do aprendiz de reproduzir a
informação recebida.
Ou seja, quanto
menos interferência da sua capacidade mental na alteração da informação passada
pelo professor, melhor.
A Educação
pode assumir uma outra dimensão em que o ensinar pode ter um outro significado:
proporcionar condições para que a aprendizagem seja produto de um processo de construção
de conhecimento que o aprendiz realiza na interação com o mundo dos objetos e
do social.
Durante a
infância, principalmente no período que antecede a entrada na escola, as
crianças aprendem porque estão imersas em ambientes onde encontram ou
estabelecem problemas e projetos que devem ser resolvidos. O mundo passa a ser
visto como uma série de desafios que devem ser superados e, com isto, criam-se
oportunidades para a construção de conhecimento ou, como observou Papert, para
a aprendizagem piagetiana (Papert, 1980:7).
No entanto, a
experiência ótima não é atingida por meio de atitudes passivas ou fáceis, mas,
em geral, ela acontece quando as pessoas estão inteiramente envolvidas,
mergulhadas na situação e dando o máximo de si. Quem já não observou o prazer
e, ao mesmo tempo, o sofrimento de uma criança aprendendo a andar ou falar?
Aprendizagem
na terceira idade
No outro
extremo da nossa vida, temos a aprendizagem que acontece depois que a pessoa
deixa a vida profissional - ou diminuem as obrigações familiares - e passa a
dedicar parte do seu tempo para “fazer as coisas de que gosta” ou aquelas que
não foram realizadas por conta da “falta de tempo”.
Há uma predisposição
para a aprendizagem e esta acontece de modo muito semelhante à aprendizagem do
período infantil.
É uma aprendizagem
construída e não simplesmente memorizada. Mesmo quando ocorre em ambientes
formaisde educação,
ela é diferente.
Aprendizagem
na escola e na vida profissional
Embora o indivíduo
possa aprender muito interagindo com os objetos e com as pessoas, a
complexidade do mundo acaba demandando que ele procure ajuda para formalizar
aquilo que faz intuitivamente. A escola tem esta função. No entanto, grande
parte do encantamento de aprender sem ser formalmente ensinado desaparece.
Durante a
educação escolar - educação infantil, fundamental, média e universitária -,a
predisposição de caçador-ativo de informação é gradativamente oprimida e os
estudantes não aprendem mais interagindo com o meio que os cerca e sim, sendo
formalmente ensinados. Eles são encorajados a serem receptores passivos de
informação e adquirem a idéia de que aprender não é divertido.
Após a graduação,
durante a vida profissional, as pessoas passam a usar a predisposição
profissional-capaz, que pode ser uma combinação das predisposições de caçador-ativo
e de receptor-passivo, dependendo das circunstâncias e do estilo de
aprendizagem.
Por que não
a aprendizagem continuada ao longo da vida?
Entretanto, a
solução não é substituir uma predisposição pela outra. Na verdade, o melhor é
saber quando usar essas predisposições e em quais contextos Uma solução mais
efetiva é a de desenvolver a predisposição de aprendizagem continuada ao longo
da vida. Isto significa saber alternar essas duas modalidades de aprendizagem,
caçador-ativo e receptor-passivo, de forma complementar e não antagônica. As
duas modalidades são necessárias para que o sujeito possa ser efetivo aprendiz.
A função da
escola deveria ser a de trabalhar com a predisposição de caçador-ativo e
auxiliar o aprendiz a desenvolver a predisposição de aprendizagem continuada ao
longo da vida.
A proposta a
ser enfatizada é a de que a aprendizagem que acontece na escola e durante a
vida profissional deve ser uma extensão da aprendizagem que se dá na infância
ou na terceira idade.
Como
estimular a aprendizagem continuada ao longo da vida?
A aprendizagem
que ocorre na infância e na terceira idade é possível graças á criação de
ambientes adequados e à presença de pessoas que funcionam como agentes que
favorecem a construção de conhecimento.Dessas observações
é possível concluir que devemos criar ambientes de aprendizagem com atividades,
objetos e materiais de suporte pedagógico impregnado com determinados conceitos
ou estratégias de modo que aprendizes, interagindo com os objetos ou
desenvolvendo as atividades, possam construir conhecimentos relacionados com
esses conceitos e estratégias.
O ambiente de
aprendizagem é constituído por três componentes: o aprendiz, as atividades e o
agente de aprendizagem. Para que o aprendiz possa construir conhecimento, essas
atividades não podem ser totalmente preestabelecidas ou impostas a ele. Elas
devem ser projetos que os aprendizes propõem e desenvolvem, como o projeto do jornal
realizado pelos alunos da terceira idade. No entanto, cabe ao agente de
aprendizagem fazer com que esses projetos sejam desafiadores, contribuindo para
o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo dos aprendizes.
Para estimular
a aprendizagem ao longo da vida é necessário resgatar, o mais rápido possível,
as potencialidades que as pessoas têm para aprender e ser agentes de
aprendizagem, criando oportunidades para que elas possam colocar em prática
esses potenciais de modo consciente. Este é o papel fundamental do educador do
futuro. Ele não deve ser apenas o individuo consciente desse seu potencial,
mas, também, o profissional por excelência cuja meta seja despertar esse
potencial em outros indivíduos.
A formação
de agentes de aprendizagem
Para tanto, o
educador precisa:
• Conhecer seu
aluno, como ele pensa e age diante de desafios. Neste sentido, são extremamente
relevantes as idéias do método clínico piagetiano (Carraher, 1983), o conceito
de zona proximal de desenvolvimento (ZPD) de Vygotsky (1991) e a utilização
de tecnologias da informação como meios para a explicitação do raciocínio que o
aprendiz
usa para resolver problemas (Valente, 1999).
• Trabalhar
com projetos educacionais (Hernández & Ventura, 1998). O educador deve
saber desafiar os alunos para que, a partir do projeto que cada um propõe, seja
possível atingir os objetivos pedagógicos determinados em seu planejamento.
• Criar condições
para o aprendiz desenvolver a predisposição para a aprendizagem, para que possa
vivenciar e entender a aprendizagem como uma “experiência ótima” como propõe a teoria
do fluxo(Csikszentinihalyi, 1990).
Conclusões
As instituições
educacionais não estão contribuindo para que as pessoas adquiram habilidades de
aprendizagem continuada ao longo da vida. Muito pelo contrário, o que está
sendo oferecido são atividades baseadas na predisposição de receptor-passivo.
Com isso, ela
ainda está preparando profissionais obsoletos e tornando-se dispensável neste
novo cenário de inúmeras oportunidades de aprendizagem que se descortina. A
ironia é que a instituição que mais pode contribuir para e se beneficiar da
aprendizagem continuada ao longo da vida é a que menos tem se mobilizado para
tal.
Resumo do texto : A educação ao longo da vida .
ResponderExcluirAprender é uma atividade contínua na vida dos seres humanos. Despertar o potencial dos alunos para uma aprendizagem com excelência ao longo da vida é papel do educador .Este deve propor e contribuir para uma aprendizagem mais significativa,que não sejam impostas, memorizadas,passivamente.Um educador deve contribuir para que os alunos desenvolvam uma interação com objetos e com o mundo social, a fim de que o aprendiz seja um agente participativo nesse processo,proporcionando aos alunos habilidades que lhe serão úteis na vida profissional e futura.
Resumo do texto : A educação ao longo da vida .
ResponderExcluirAprender é uma atividade contínua na vida dos seres humanos. Despertar o potencial dos alunos para uma aprendizagem com excelência ao longo da vida é papel do educador .Este deve propor e contribuir para uma aprendizagem mais significativa,que não sejam impostas, memorizadas,passivamente.Um educador deve contribuir para que os alunos desenvolvam uma interação com objetos e com o mundo social, a fim de que o aprendiz seja um agente participativo nesse processo,proporcionando aos alunos habilidades que lhe serão úteis na vida profissional e futura.
Todos nós como seres humanos temos a necessidade de aprender , nós aprendemos desde que nascemos buscando sempre aprimorarmos os nossos conhecimentos transmitindo- os e absorvendo-os . O professor tem como carcterística ter uma postura que emana conhecimentos ampliando-os .
ResponderExcluirTodos nos educadores de alguma maneira já refletimos sob essa pergunta mas é uma resposta que é ao longo de toda nossas vidas. O professor tem como caracteristica ter uma postura que emana conhecimentos e busca também como já diz o pensador (" Aprender ao longo da vida")(J. Deloris).
ResponderExcluirQuem sou como professor e aprendiz?
ResponderExcluirSinto que tenho que estar a cada dia aberta às mudanças, porque na vida somos eterno aprendiz.
No que se refere aos conteúdos procuro desenvolvê-los despertando a cada momento o interesse dos alunos. Na minha prática pedagógica os alunos trabalham em grupo a fim de que cada um aprenda com o outro. É muito significativo para mim quando entram em conflitos e necessitam da minha intervenção; ai aprendemos juntos.
Minha postura é pautada na humildade; pois com os alunos aprendo muito e me conscientizo a cada dia que não sou dona da verdade.